
Bernardo Toro é um intelectual colombiano, com grande experiência e capacidade de argumentação sobre diferentes questões. Suas análises e reflexões sobre a educação na América Latina fogem dos padrões esquemáticos de visões tradicionais, enfatizando o papel da comunicação e da mídia para o desenvolvimento da democracia.
Toro estudou Filosofia e depois Física e Matemática, em cursos de licenciatura. Fez pós-graduação em Investigação e Tecnologia Educativa. Toda a sua formação é colombiana. Durante algum tempo foi professor de Ensino Médio, tendo trabalhado com adolescentes, basicamente na zona de prostituição, como professor de Física e de Filosofia. No início dos anos 70, fundou (e dirigiu durante 12 anos) a revista internacional Educación hoy: Perspectiva Latino-americana, com o objetivo de gerar uma bibliografia científica em espanhol, que nessa época não existia.
De 1975 em diante, formou uma equipe de investigação para trabalhar em “desenvolvimento mental das crianças”, procurando analisar o problema do atraso sociocultural das crianças colombianas. Sua finalidade era desafiar algumas teorias acerca do assunto. O projeto, financiado pela Fundação Ford e avaliado pela Universidade de Harvard, conseguiu bons resultados. No final dos anos 80, Toro começou a trabalhar na Fundação Social. Nessa mesma época, foi convidado pela Universidade de Toronto, no Canadá, como professor na área da “teoria da informação”, para trabalhar com teorias que desenvolvera no período em que dirigia a revista Educación hoy.
Depois que voltou do Canadá, continuou a trabalhar na Fundação Social, onde está há 17 anos. A Fundação é uma organização muito grande na Colômbia e dona de um conjunto de empresas. Não que as empresas tenham uma Fundação; a Fundação é que tem empresas. Aliás, ela sempre teve empresas no setor financeiro e, principalmente, no de comunicações. Neste momento está passando por um processo de transformação muito grande: as empresas foram vendidas e criaram-se bancos, o que resultou em total transformação em sua estrutura.
Bernardo Toro trabalhou inicialmente na Fundação como assessor. Depois foi gerente de uma empresa de televisão e, mais tarde, desenvolveu um programa de televisão que recebeu prêmio nacional. Há oito anos passou a estruturar e a dirigir o Programa de Educação Social da Fundação, que busca desenvolver modelos de mobilização, para dar respostas a questões do tipo: como a comunicação pode contribuir para a mobilização? Como os setores da população podem conseguir objetivos coletivos públicos?
Paralelamente, desde os anos 70, Toro vem formando especialistas em planejamento em toda América Latina, e, desde os anos 80, prestando consultoria para a UNICEF, o BID, o Banco Mundial e alguns governos. Já esteve no Brasil muitas vezes como consultor do Banco Mundial, tendo também participado do SIDE e do REEDUC.
Algumas citações de Toro em seus escritos, palestras e entrevistas.
“Considera-se educação a criação de condições estáveis para que cada geração possa se apropriar do melhor saber disponível. A educação, sozinha, não faz grandes mudanças, mas nenhuma grande mudança se faz sem educação”, ressalta desta forma, a educação como um mecanismo de transformação social.
"A educação existe porque o saber, o conhecimento dos seres humanos não é natural. Se o saber fosse natural não existiriam professores, não existiria a escola nem existiria o sistema educativo."
"...o conhecimento é uma produção, então temos que aprender a produzi-lo."
"O bom professor é aquele que consegue fazer com que um aluno aprenda o que precisa aprender, e que aprenda com felicidade. Dessa forma, não tenho preferência por um meio ou outro"
"Uma das coisas que os educadores devem entender é que o político e o comunicador de massa, os que escrevem nos jornais, os grandes comentaristas e as grandes figuras das indústrias culturais exercem efeitos educativos sobre a sociedade. O que precisamos é que haja políticos que possam fazer convergir interesses da sociedade em função de um projeto definido, um projeto cultural, um norte coletivo. Então, as indústrias culturais tomarão essa direção, e a educação também, e os professores saberão o que fazer em sala de aula."
Em palestra no 5º Educador Management (Seminário de Gestão em Educação, que aconteceu de 13 a 16 de maio, em São Paulo)Bernardo Toro destacou conceito de "cuidar como desafio urgente para qualidade na educação".
“Estamos diante do risco iminente do planeta desaparecer. Se não entendermos essa realidade, que nos coloca em situação de igualdade, não conseguiremos sobreviver, pois nós precisamos do planeta e não o contrário”.
“O aluno estuda somente para tirar boas notas e ser bem-sucedido financeiramente na vida. É necessário mudar o conceito de inteligência para o altruísmo cognitivo, ou seja, para o cuidar dos outros”.
Toro elencou vários aspectos do conceito de cuidar que precisam ser absorvidos pela sociedade para elevar a qualidade da educação, como o cuidar do corpo, do espírito e do intelecto.
Ele citou que na capital colombiana alunos de 11 a 15 anos têm no currículo a disciplina “amigologia” e os de 15 a 18, a “namorologia”. “Um dos maiores problemas da sociedade é a solidão. É preciso ensinar as crianças a conversar e a se relacionar. Cerca de 70% dos 35 mil alunos de Bogotá apresentam problemas para construir relações estáveis”.
Veja no YOU TUBE recado do educador, aos jovens brasileiros.De forma didática, o educador colombiano Bernardo Toro dá um recado à juventude brasileira sobre o que é e como fazer mobilização social. Fala da importância de organizar-se em grupos, de conhecer a história do país e os mecanismos de diálogo e particpação com o governo.
http://www.youtube.com/watch?v=lfSdY-9Fo4g
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