Nenhum professor pode ser desrespeitado em seu trabalho, mas também é nosso papel compreender a realidade ao nosso redor para garantir que os jovens aprendam
Por Luis Carlos de Menezes -
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A onda de violência que atinge escolas no Brasil também é vista em outras partes do mundo. Nos últimos tempos, casos de jovens assassinados em nossas escolas se alternam com notícias de matanças múltiplas em colégios norte-americanos. Mais recentemente, no intervalo de poucos dias, sucederam-se notícias de agressões em que uma professora teve os dentes quebrados, outra teve um dedo decepado, outra ainda os cabelos queimados - e um professor foi morto a tiros.
Nessas horas me vem à mente a lembrança de um amigo de grande sabedoria e humanismo, cuja capacidade de esperança permitia enxergar além do imediato e vislumbrar saídas. Há pouco mais de dez anos, eu o ouvi pela última vez, pelo rádio, entrevistado justamente sobre a violência, que já se agravava. Paulo Freire parecia perplexo, pois a escola era para ele um cenário em que os conflitos são tratados, mas em nenhuma hipótese com agressões. Ao escrever agora sobre esse tema, lembro que meu velho amigo morreu antes que pudéssemos voltar a conversar e reconheço que preciso recuperar a sintonia com minhas heranças humanistas para propor ações em que a dimensão pedagógica se sobreponha à repressiva.
Sabemos que nenhuma escola é uma ilha, mas parte da sociedade. E no nosso caso essa sociedade tem-se embrutecido de forma espantosa. O roubo, o tráfico, a corrupção, o desrespeito e o preconceito levam a atos violentos e criminosos. Para recompor valores deteriorados e conseguir preparar os jovens para a vida, a escola não pode ignorar a violência em suas próprias práticas e precisa trazer as questões do mundo para a sala de aula.
Alunos agredidos, livros roubados, alunas assediadas, funcionários humilhados, ofensas entre professores e alunos. Todos esses são exemplos de situações internas à escola que precisam ser enfrentadas com a mesma firmeza com que debatemos a violência do mundo em geral. Do contrário, nosso papel formador não será cumprido. Tudo no ambiente escolar tem caráter pedagógico. Compreender como o abuso do álcool ameaça quem está ao volante (e também quem está nas ruas e no convívio doméstico), desenvolver projetos que mostrem como a intolerância, a injustiça e o preconceito resultam em violência (tanto entre nações como entre pessoas), estabelecer paralelos entre o que se vive na escola e o que se vê fora dela são apenas alguns exemplos de como não fugir dessa difícil questão.
Numa sociedade violenta, a escola deve se contrapor abertamente à cultura de agressões. Acredito que as situações que dizem respeito a questões internas devem ser tratadas nos conselhos de classe, identificando responsabilidades, garantindo reparações e promovendo formação. Mas a atitude firme contra a violência deve antecipar-se aos fatos como parte do projeto educativo. Turmas de alunos e novos professores devem ser recebidos a cada ano com um diálogo de compromisso, que apresente e aperfeiçoe as regras de convívio, para que não se desrespeitem os mestres em seu trabalho nem os jovens em seu aprendizado. Como meios e fins devem ser compatíveis, são necessários tempo e instalações, especialmente previstos para o convívio, pois quem é tratado como gado ou fera, enquadrado em carteiras perfiladas ou coletivamente abandonado em pátios áridos, mais facilmente vai se comportar como gado ou fera.
Desde que começou o ano letivo, as brigas têm acontecido no intervalo das aulas. Em sete dias, a Guarda Municipal recebeu mais de 35 denúncias de violência. Só na semana passada, 15 adolescentes foram apreendidos por estarem envolvidos em brigas. Todos tinham entre 13 e 16 anos.
Os pais são responsáveis pelas ações dos filhos menores de idade sim. Enquanto os pais não sofrerem as sanções pelos atos dos filhos, continuarão a não se comportarem como pais.
Jorge Santana, 51 anos - Rio de Janeiro - RJ
Porque não temos escolas de período integral (de 09 às 17 hrs) com atividaes acadêmicas/esportivas/artisticas, de modo que os pais possam trabalhar sem que os filhos fiquem pelas ruas ?
Paolo Ruzzene, - Belo Horizonte - MG
A diminuição do tamanho da Escola poderia resolver essa questão? Acho que uma escola deveria abrigar no máximo uns 300 jovens, assim sendo, deveria ser feito mais escolas com numero reduzido de alunos. Ronaldo Macedo, 40- Salvador
Assistimos ao longo dos anos, o descaso em nossa sociedade com a educação e o professor. Será que a escola tem esse poder de ser a redentora dos males sociais? E deve/pode fazer tudo sozinha??? Wagner Gomes - 30 anos - Manaus - AM
O sistema de ensino laico do Brasil, visa somente a formação tecnológica do aluno e não a formação humana. O estudo destas ciências, com mais aprofundamento, seria de boa ajuda?
Felipe Williams - Ribeirão Preto, SP
O que faz com que um ser humano seja violento? São ações individuais ou o reflexo de uma sociedade ou cultura da violência? Não estarão os jovens reproduzindo na escola o reflexo da vida fora dela? Wagner Gomes, 30- Manaus, AM
A falta de participação da família e as práticas educaionais atuais colaboram com a violência, perdeu-se o valor pelo respeito ao próximo e a vida de outras pessoas. Carlos Vinícius, 38 anos - Barra do Pirai, RJ
Há uma falta nítida de valores morais, de amor fraterno, de uma espiritualidade que oriente estas crianças e adolescentes para uma vida escolar em comum mais calma, responsável e cooperativa...
Dante de Carlos Junior, 38 anos - Franca - SP
Acredito que deve haver mais punição aos alunos que praticam atos violentos, muitos acreditam que não vão ser punidos pelas coisas que fazem...Dante de Carlos Junior, 38 anos - Franca - sp
E a pergunta que foi ao ar...e que NÃO foi respondida a contento!!!
Professores, pais e formadores de opinião podem ser bons ou maus exemplos na formação de jovens. Qual a posição dos especialistas a respeito da violência exacerbada divulgada na mídia?
Maria de Lourdes Centenaro, 43- Pindamonhangaba, SP, Brasil
E você, o que pensa a respeito do assunto??? Poste aqui o seu comentário...
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